Mesa-redonda 3: Oportunidade de ser “cura de almas”


A terceira mesa-redonda do encontro, que aconteceu na noite de sexta-feira, foi constituída pelos pastores Ricardo Gondim e Ricardo Barbosa e moderada por Uriel Heckert. Coube a Gondim iniciar os debates em torno do tema: cura de almas.
Ele enxerga a igreja como uma comunidade terapêutica, apesar de muitas vezes ela não exercer esse papel. O pastor Ricardo afirmou não ter uma visão ufanista do movimento evangélico brasileiro: "Não embarco na proposta positivista do progresso infinito, cumulativo. Isso é um mito e muitos evangélicos têm embarcado nele".
Para Gondim o movimento evangélico está no final de um ciclo. E isso não é uma leitura pessimista; é natural (característica de final de século). Ele citou três razões para essa afirmação:
- Temos uma identidade frágil: O que é ser evangélico? Uma pergunta simples, mas muito difícil de ser respondida. E quando se perde a identidade o "mundo" entra em colapso.
- Incapacidade interna de responder questões simples: Os evangélicos têm se contentado em repetir chavões, clichês (modelo ocidental norte-americano). As pessoas estão enfrentado seus dramas.
- Campanhas: O número de campanhas (ativismo) na igreja evangélica brasileira para muitos tem sido sinal de vitalidade, quando na verdade é fraqueza.
Se os pastores tratam os fiéis como consumidores, estes vão sempre procurar pelo mais conveniente (trânsito religioso). Daí as campanhas mirabolantes.
Os que estão dentro deste antigo paradigma tentam resolver o problema com as seguintes respostas:
- Resposta piedosa: Precisamos orar mais, fazer maratonas de oração. Será que precisamos realmente aumentar o volume de nossas orações ou repensar o significado de oração?
- Resposta ortodoxa: Devemos recuperar a sã doutrina, voltar à reforma.
- Resposta pragmática: É a campeã. Importada dos Estados Unidos esta resposta se baseia no visual. Devemos melhorar a faixada da igreja, colocar ar-condicionado…

Mas qual seria a resposta para todas essas inquietações? Não existe uma resposta. A intenção de Gondim é provocar inquietação na futura geração, fazer as pessoas repensarem. Precisamos fazer uma teologia crítica. E é necessário coragem para isso, pois o auditório de nossas igrejas pode esvaziar.
"Quando vamos celebrar o Pai-amoroso?", perguntou o pastor. É mais fácil lidar com um auditório amendrontado. E nós não precisamos de uma espiritualidade que coloque nosso mundo em ordem. "Quando tivermos coragem de fazer teologia crítica seremos como a alvorada de uma bela manhã", encerrou Gondim.
A palavra então foi passada a Ricardo Barbosa que iniciou sua explanação falando que todos temos visto sinais de enfermidade na sociedade. Barbosa baseou sua meditação no texto de Tg 1. 13-15. Para o pastor a força última que motiva o ser humano é o desejo por Deus. Mas se Deus não permanece no centro de nossa vontade, nos entregamos a ilusões e seduções, que no final nos deixam desiludidos. Nos esquecemos do shalom de Deus (novo céu e nova terra, reino do Sermão do Monte).
Pecado é a negação desse shalom. É tudo que exalta o indivíduo e nega a sociedade. E Deus nos convida ao arrependimento e a participar do seu Reino. Mas o pecado vem sendo glamourizado na igreja. Hoje não é errado ser ambicioso e vaidoso. Com isso, o pecado está deixando de ser um conceito teológico e está virando uma doença. "E qual o tratamento para essa doença?", perguntou o Barbosa. Arrependimento e confissão; não remédios.
A raiz de todos os males continua sendo o pecado. E não vemos na igreja arrependimento. Para Barbosa não temos sonhado com o shalom de Deus e sim com igrejas cheias, qualidade de vida, vaidade. Não acreditamos mais no Sermão do Monte.
Ricardo Barbosa encerrou sua participação na mesa-redonda dizendo que precisamos reconsiderar o chamado de Cristo para a igreja:
- Encarnação: Pensar no sofrimento da sociedade.
- Imitação: Cristo nos chama para sermos e fazermos discípulos.
- Missão: Nada substitui a força e o poder do evangelho. A proclamação nos convida à conversão e transformação.


"Texto retirado do blog ULTIMATO"




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