Ainda que o mundo não mude


Ela passou e esbarrou em mim

Mas não olhou em meus olhos

Foi como uma brisa que se foi

Seu perfume ficou no ar

Como aquela lembrança de algum lugar no passado

A saudade veio como um tapa no rosto

Acordei e percebi que tudo passou

Estive fora por um instante e nem percebi

Olhei a minha volta e tudo continuava no mesmo lugar

Fechei o casaco e segui em frente

Cada passo era como andar para trás

Pisando sobre minhas próprias pegadas

Revendo as mesmas coisas

Os mesmos rostos e as mesmas placas

Novamente me vi voltar ao mesmo lugar de antes

Ali estávamos, eu, ela, o mundo a girar.

Nos aproximamos novamente, lentamente.

Dessa vez não nos esbarramos

Desviei-me e segui em frente

Sem olhar seus olhos

Deixando apenas o passado

Não vamos repetir os erros

Não vamos reviver o que morreu

Um dia de cada vez

Para se fazer novo o velho

Mesmo que tudo seja do mesmo jeito

Ainda é possível fazer algo diferente

Estou seguindo em frente

Ainda que o mundo não mude

Vou escolher não olhar para trás.

Nando Marthins


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